Sinta a estrada

Confesso que nunca gostei de acordar cedo (não é um segredo pra quem bem me conhece), mas quando o motivo é uma viagem, sempre teve um sentido diferente.

A noite que precede, é longa (quase infinita). Prorroga-se em silêncio. A tela do celular acendendo e apagando, vendo a hora de minuto em minuto (as vezes, segundos). O tempo parece ser feito de uma capsula intransponível.

Quando finalmente consigo adormecer, sonho com a estrada. As risadas. As pessoas. Com a união (sendo família ou amigos). Recupero minha energia com poucas horas (o que em dias comuns é algo improvável). Desperto com o pique de um maratonista (da Etiópia).

Não importa o destino. O que mais me agrada é a sensação de estar próxima. De observar. De sentir. Comentar a borboleta que passou em frente a nossa van (amarela, lutando contra o vento). As árvores, plantações (tão verdes quanto devem ser).

Não se pode negar que o momento da deslocação é o que todo o grupo se encontra mais próximo. De todas as formas. Desde o pensar ao local onde está sentado, aguardando a chegada do destino. A cantoria, a alegria aparente. O som do pneu em atrito com asfalto, entrecortando o silêncio que hora ou outra vinha (para o alívio das cordas vocais e audição dos viajantes).

Por isso, creio eu, deve-se escolher com prudência o meio em que todos ficarão tão unidos, sendo o deslocamento próximo ou distante.

Não fique na dúvida.
Viaje conosco.